terça-feira, 7 de agosto de 2012

I love Caetano ("ou não")

Hoje um dos artistas brasileiros mais admirados mundo a fora completa 70 anos. A relação imaginária de fã e ídolo terminou há muito tempo, atualmente a visão que tenho sobre ele é madura. Adorei e destei Caetano dentro da puerilidade que nasce e se perde na vida. Meus sentimentos por ele não eram baseados apenas em sua arte, porque se assim fosse, eu continuaria embasbacado por ele. Caetano ganha e perde quando fala, depende da sintonia do universo de cada um. Sem dúvida é um ser mutante e isso o enriquece ainda mais. Aprendi com ele a separar o que um artista fala e faz. Que as opiniões pessoais quando divergem não importam quando o talento é gigante. Que o egocentrismo e a prepotência estavam realmente dentro de mim e não provinham exatamente dele. Esperava realmente que cumprisse as minhas expectativas e pretendia que ele fosse exatamente igual ao primeiro momento que o escutei: maravilhoso. E ele é. Na verdade todo mundo tem algo espetacular dentro de si.
Controverso, diverso e difícil de compreendê-lo. Olha, eu presto atenção nele e não consigo entendê-lo muitas vezes. Quero dizer, nunca sei o que ele irá falar. Será que é a imprevisibilidade que o torna tão interessante? Não sei.
Admiramos alguém principalmente quando encontramos nessa pessoa algo que nos identifica e julgamos ser o correto. Coragem é uma virtude que conquista todo mundo. A questão é que nem sempre ela pode ser vista de forma objetiva. Às vezes ela até se confunde com covardia, depende da perspectiva de cada um. Posso aqui dizer uma série de coisas que não me agrada na figura de Caetano Veloso, mas para que "fuçar os defeitos" de uma pessoa que possui uma sensibilidade tão singular?
Tive a oportunidade de assistir vários shows dele em Santos, São Paulo e aqui em Madri. Lembro de cada espetáculo, pois poderia dividir as etapas da minha vida de acordo com o sentimento que tinha quando o via. Ele foi o motivo do início de uma grande amizade que tenho até hoje.
"Foreign Sound" curiosamente foi o que mais me impactou. Estive nessa inesquecível apresentação no Palácio de Congressos, aclamada pela crítica espanhola, em 2004. E até hoje quando escuto o disco, vem na minha memória a emoção de vê-lo na minha frente a menos de cinco metros de distância. Na época eu estava a mais de três anos sem ir ao Brasil. Carregava comigo o sentimento nostálgico da terra e dos meus. A sensibilidade estava realmente a flor da pele e até ganhei dois beijos. Mas independente do meu estado emocional, foi um belissímo espetáculo de música e interpretação. Caetano demonstrou ali, ao vivo, o motivo de ter uma casa de espetáculos lotada na capital da Espanha. Muitos artistas quando fazem sua "turnê internacional" é, na verdade, para se apresentar para o público tupiniquim emigrante. Caetano é um dos poucos brasileiros que enche locais com a platéia formada por pessoas nativas do lugar. O cara é merecidamente respeitado e reconhecido no mundo inteiro.
Desejo a esse homem tão especial muita vida e saúde. Que continue desfrutando da produção do pão para famintos como eu.

Gosto de tudo na voz de Caetano Veloso. Mas as versões de canções de Peninha e Bob Dylan são as que me apaixonam com mais facilidade.



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