domingo, 28 de março de 2010

O grande trovador


Renato Russo completaria hoje, 27 de março de 2010, 50 anos. Faleceu aos 36, como a grande Elis Regina. Poderia fazer algumas analogias e comentar umas curiosidades sobre a partida de importantes artistas na casa dos trinta, mas não vem ao caso.
Renato Manfredini Júnior não se destacou por ser um músico brilhante, ele mesmo reconhecia suas limitações musicais, mas sim, pelas letras profundas que escrevia. Era um grande poeta.  As músicas da Legião Urbana chegaram quase que de forma imediata aos corações de muitos brasileiros. Marcou uma geração. Falava o que muita gente pensava e não sabia expressar. Cantarolando suas canções, muitos exteriorizávamos nossas tristezas, solidão, inquietudes familiares e a indignação com os nossos políticos. Era uma linguagem simples e exata, por isso somos muitos que fazemos parte da enorme legião de fãs de Renato Russo.
Adorava vê-lo cantando e prestava muito atenção nas entrevistas que concedia. Era um homem inteligente, demonstrava andar sem culpas, mas não conseguia esconder seu maior medo: a solidão.
É estranho constatar que ele se sentia tão sozinho. Tudo o que expressava nas suas letras encaixava perfeitamente no entendimento das pessoas, a Legião Urbana vendeu mais de 20 milhões de discos. Faltou ser amado como homem? Essa necessidade que a maioria dos mortais temos. Era adorado por muitos e detestado por poucos, sua existência não passou desapercebida. Por isso  seu nome não precisa ser lembrado em um dia como hoje, pois na verdade, ele nunca foi esquecido. É lamentável que já não possa criar mais aquelas poesias tão bonitas, mas felizmente, antes de ir, deixou-nos um legado relevante.
Talvez não tenha sido dono de uma das vozes mais lindas, mas indubitavelmente a sua era ímpar.

quinta-feira, 18 de março de 2010

Grande Elis

Há 65 anos, nascia em Porto Alegre, uma das maiores cantoras do mundo. Deixou de respirar 36 anos depois, mas continua viva e asssim será eternamente.
Deixo aqui a letra de Corsário,de João Bosco e Aldir Blanc, que ela interpretava magnificamente.

"Meu coração tropical está coberto de neve mas
Ferve em seu cofre gelado
E à voz vibra e a mão escreve mar
Bendita lâmina grave que fere a parede e traz
As febres loucas e breves
Que mancham o silêncio e o cais
Roserais Nova Granada de Espanha
Por você eu teu corsário preso
Vou partir na geleira azul da solidão
E buscar a mão do mar
Me arrastar até o mar procurar o mar
Mesmo que eu mande em garrafas
Mensagens por todo o mar
Meu coração tropical partirá esse gelo e irá
Com as garrafas de náufragos
E as rosas partindo o ar
Nova Granada de Espanha
E as rosas partindo o mar..."

quinta-feira, 11 de março de 2010

11-M

Há examente seis anos, Madri sofria o pior atentatado terrorista da história da Europa. Uma grande tragédia.
Recordo que naquele dia, quando acordei, com o barulho dos helicópteros e as sirenes das ambulâncias, suspeitei que algo havia ocorrido. Liguei a televisão e vi imagens que não sairão nunca da minha cabeça. Há poucas quadras da minha casa, na estação de trem principal da capital espanhola, perdiam a vida, 192 pessoas. Mais de 2000 ficaram feridas. É  triste saber que por detrás destes números exatos, existem várias famílias que passaram pelo pior dia de suas vidas. Essa cifra se multiplica uma e outra vez, sendo impossível calcular a exatidão dos estragos humanos causados.
Esse dia foi decisivo para mudar a história contemporânea do país onde moro. Pois três dias depois, ocorreria as eleições. De acordo com as pesquisas, o Partido Popular, representado por Mariano Rajoy, continuaria governando. Mas devido a atitude imoral e canalha, tão peculiar na direita da maioria dos países, houve uma grande mudança. O porta voz do governo, Angel Acebes, saiu na televisão dando por certo que a autoria da barbaridade era o grupo terrorista basco ETA. Quando no mundo inteiro já se sabia que o grupo de Osama Bin Laden era o verdadeiro autor. O medo do governo atual da época era, declarar que foram os islâmicos que haviam atentado contra a Espanha, cumprindo a promessa de vingança pelo apoio incondicional do Sr. José Maria Aznar à guerra imoral (todas guerras são imorais, algumas são explicitamente mais visíveis que outras) do Iraque.
O povo espanhol, indignado com a mentira de seus governantes, não teve dúvidas em votar à oposição.
Mas independente das tramas políticas, o que me faz lembrar é que neste dia, via o terror e a tristeza estampados na cara de todos que cruzavam na minha frente. Era luto e medo coletivo. O cheiro da morte estava impregnado em todos os lugares, o rancor e a indignação dos espanhóis se viram refletidos nas urnas, três dias depois, no dia 14 de março.

segunda-feira, 8 de março de 2010

SEXO E GRAVANÇO

Quando o amanhã chegar, que seja repleto de boas recordações, portanto não esqueça nunca de viver o presente. Olhar a vida a longo prazo é sinônimo de sabedoria, vivê-la com muitas reservas é pura torpeza.
A austeridade de hoje pode ser um crime contra o seu passado, no futuro. Há tantas pessoas que acabam comprometendo o que há de mais sagrado, a vida,  em nome de sonhos que são colocados sempre mais adiante. Não há outra garantia que não seja a fé. Acreditar é preciso, mas a ação é imprescindível. Discernir um de dois é mais fácil para alguns e intelectualmente complicado para outros. A matemática não é um dom, é educação, assim como outros quesitos existentes nesta louca vida. Se hoje você perde seu tempo reclamando de todas as misérias que atingiram sua alma, saiba que essa atitude é totalmente inútil. Viver é simples, não deve e nem tem que ser tão doloroso. Procure triptofano, ele está presente em muitas coisas que você pode comer e fazer. Esteja feliz o máximo que puder.

sábado, 6 de março de 2010

QUANDO EU ESTIVER CANTANDO...

Tem gente que recebe Deus quando canta
Tem gente que canta procurando Deus
Eu sou assim com a minha voz desafinada
Peço a Deus que me perdoe no camarim
Eu sou assim
Canto pra me mostrar
De besta
Ah, de besta
Quando eu estiver cantando
Não se aproxime
Quando eu estiver cantando
Fique em silêncio
Quando eu estiver cantando
Não cante comigo
Porque eu só canto só
E o meu canto é a minha solidão
É a minha salvação
Porque o meu canto redime o meu lado mau
Porque o meu canto é pra quem me ama
Me ama, me ama
Quando eu estiver cantando
Não se aproxime
Quando eu estiver cantando
Fique em silêncio
Quando eu estiver cantando
Não cante comigo
Quando eu estiver cantando
Fique em silêncio
Porque o meu canto é a minha solidão
É a minha salvação
Porque o meu canto é o que me mantém vivo
E o que me mantém vivo

Cazuza

terça-feira, 2 de março de 2010

CIDADE TRISTE

 

A cidade não pára. Seu movimento é constante. Há tantas misérias e fortunas, veladas e explícitas, dispersadas em cada canto. O caos beija a harmonia constantemente, em uma relação de amor e ódio. Tantos mundos paralelos, tantas diferenças adversas a simplicidade e leveza da alma. O complexo é mais simples. Ser simples é ser complexo. O despotismo nas mãos de uma gente canalha que fustiga cruelmente vidas românticas é atemporal. Parece que foi, é e será sempre assim. A beleza do feio apenas respira. A fealdade da beleza impera como bússola para essa gente tão cafona. Estar na moda é a coisa mais demodê que existe. Há cérebros cheios de veias e outros de vidas. Há corpos anatomicamente perfeitos escondendo corações vazios. Viagens que são feitas sem passaporte, cheias de azar e sorte. Esperanças cobertas de cinzas e sorrisos quimicamente viciosos. Estrelas esquecidas. Lua triste. Melancolia extensa misturada com curtas alegrias. Passos rápidos para a morte. A calma só chega no final. Muros pichados com resíduos fisiológicos da utopia humana. Dentro daquele crânio, há uma grande e contraditória metrópole.