domingo, 30 de setembro de 2012

Adeus, "gracinha"!


Crescemos com a presença da televisão nas nossas salas e, sendo brasileiro, é impossível desconhecer Hebe Camargo.
Não era uma das figuras televisivas que me produzia fascínio, não compartilhava muitas de suas ideias e às vezes considerava  o comportamento dela um pouco tedioso. Enfim, não era santa de minha devoção, mas adorava a alegria que ela transmitia. Simplesmente gostava dela e como sempre digo, a tentativa de explicar a simpatia por alguém acaba caindo sempre em discursos repletos de clichês.
Quando nasci, ela já estava lá na tela pequena que serve para entreter tanta gente.  “Gracinha” é pura Hebe, como também virar um copo de cerveja num gole só. A gargalhada contagiante e o selinho como marcas registradas. Apesar de pouca instrução e carregada de alguns preconceitos, ela não costumava julgar e tentava ser agradável com todo mundo. Exercia sem esforços o papel de apresentadora de televisão com grande excelência e a sua história pessoal se confunde com a da televisão brasileira.
Receber a notícia do falecimento de Hebe Camargo é triste, muito triste. Apesar de seus 83 anos e padecendo de uma enfermidade grave, a sua morte foi impactante para muitos de nós. Sim, pois apesar de sua idade e doença, ela expressava muita vida e acredito não ser o único em achar que ela ainda estaria por muitos e muitos anos fazendo parte da grade televisiva brasileira.
Ontem o país acordou menos alegre. Somos muitos os que sentimos esse grande pesar. Afinal de contas, a sua figura estava no subsconsciente e no cotidiano dessa grande nação que chamamos de Brasil e independente de ser ou não fã dela, o certo é que ela era bastante querida por muita gente.

segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Si yo, tú...

Si yo, tú.
Si caes, yo contigo,
y nos levantaremos juntos en esto unidos.
Si me pierdo, encuéntrame.
Si te pierdes, yo contigo,
y juntos leeremos en las estrellas
cuál es nuestro camino.
Y si no existe, lo inventaremos.
Si la distancia es el olvido,
haré puentes con tus abrazos,
pues lo que tú y yo hemos vivido
no son cadenas... ni siquiera lazos:
es el sueño de cualquier amigo
es pintar un te quiero a trazos,
y secarlo en nuestro regazo.
Si yo, tú.
Si dudo, me empujas.
Si dudas, te entiendo.
Si callo, escucha mi mirada.
Si callas, leeré tus gestos.
Si me necesitas, silba
y construiré una escalera
hecha de tus últimos besos,
para robar a la luna una estrella
y ponerla en tu mesilla para que te dé luz.
Si yo, tú.
Si tú, yo también.
Si lloro, ríeme.
Si ríes, lloraré,
pues somos el equilibrio,
dos mitades que forman un sueño.
Si yo, tú.
Si tú, conmigo.
Y si te arrodillas
haré que el mundo sea más bajo, a tu medida,
pues a veces para seguir creciendo
hay que agacharse.
Si me dejas,
mantendré viva la llama hasta que regreses,
y sin preguntas, seguiremos caminando.
Y sin condiciones, te seguiré perdonando.
Si te duermes, seguiremos soñando.
que el tiempo no ha pasado,
que el reloj se ha parado.
Y si alguna vez la risa se te vuelve dura,
se te secan las lágrimas y la ternura,
estaré a tu lado,
pues siempre te he querido,
pues siempre te he cuidado.
Pero jamás te cures de quererme,
pues el amor es como Don Quijote:
sólo recobra la cordura para morir.
Quiéreme en mi locura,
pues mi camisa de fuerza eres tú,
y eso me calma,
y eso me cura...
Si yo, tú.
Si tú, yo.
Sin ti, nada.
Sin mí, si quieres, prueba.
                                                                                                        Txus Di Fellatio

 

sexta-feira, 14 de setembro de 2012

¡Phone 5 e o sonho de consumo

Quase seis milhões de aparelhos vendidos em apenas três dias e ainda não foi lançado em vários países. Na sociedade atual, quem não tem um iPhone, deseja tê-lo. Todo mundo quer estar "atualizado". E o smarphone em questão é apenas o reflexo de muitos outros produtos que se tornam objetos de culto, cujo marketing é eficiente numa população deficiente de valores básicos de humanidade e de autoestima.
Funcionamos como robôs. Seguimos ao pé da letra, várias programações que nos inculcam desde que nascemos. E como nosso cérebro é resiliente, temos a capacidade de receber novos programas e assim, todos atuamos segundo o cronograma. As grandes empresas engordam os seus cofres, é a cadeia capitalista perfeita. Fustigamos a Terra desde que acordamos até a hora de dormir. Mas não temos tempo para nos preocupar realmente com isso. Estamos ocupados com o nosso "sonho de consumo".
O curioso é que apesar de vários tipos de preconceito que existem entre nós, seres "pensantes", o classismo é o que está presente em quase todas as sociedades. É mais explícito nos países onde a desigualdade social é maior. Logo existem roles onde esse comportamento é mais evidente.
Tenho um aparelho celular que não sei exatamente o ano de sua fabricação, o que sei é que com ele posso falar com meus amigos quando realmente é necessário. Com ele não posso tirar fotos e com essa informação, posso economizar todas as demais. Sim, porque quando ele foi lançado, a tecnologia não estava tão avançada quanto hoje. Dentro de um ano, o produto sensação do momento estará quase obsoleto. Não sei como se pode  gastar tanto dinheiro em objetos que são substituídos por outros de forma tão veloz e feroz. Mas a questão principal aqui, não é sobre a austeridade econômica e sim, sobre o destino de tanto lixo e o sacrifício humano para tanto desperdício.
Quando tiro o meu telefone do bolso, sempre escuto brincadeiras sobre ele, ergo, sou catalogado de alguma maneira pejorativa. Às vezes é engraçado e outras uma chatice de obviedades.
Não sou avesso às novas tecnologias, mas não me simpatizo com a imprudência que cometemos contra nós mesmos e com os demais seres vivos habitantes do planeta.
Sei que existe o whatsapp e que esse programa facilita e agiliza a comunicação. Mas é engraçado como a cada dia as pessoas se sentem mais vazias e sozinhas. Frases curtas e abreviadas descrevem exatamente como se tornaram as relações sociais. Frivolidades a ordem do dia... "como será o ¡Phone 6?" pode estar sendo a pergunta mais realizada agora mesmo. Poucos são os que se preocupam com a falta de água no planeta. Mas se ela faltar na torneira, ninguém terá forças sequer para enviar uma simples mensagem através do celular.



terça-feira, 11 de setembro de 2012

Hortênsia

Hortênsia ontem e nos dias da primeira infância. Época onde não havia tanta intoxicação mental, tempo onde explorar o mundo era a única forma de viver.
Não lembro exatamente quando foi que deixei de observar as plantas, contemplar a beleza das flores e abrir o pulmão sem nicotina para o perfume do belo. Se pudesse recordar o momento exato em que os nossos amigos passaram a ser animais sem consciência e nada mais, deixaria de comê-los quando viesse a lucidez.
Olhando o campo árido castelhano, vi nitidamente que a percepção da vida nunca me abandonara. Permaneceu intacta e sólida. É hora de aprender a desaprender, de eliminar toxinas culturais e biológicas... isso tem gosto de liberdade, prescindir de comer medo e terror. O alimento cósmico é o amor e que maravilha é poder sentir isso sem resíduos religiosos. Que bom é respeitar a vida.
Nesse caminho conhecido para alguns e desconhecido para outros, é uma delícia colocá-lo aos meus pés. Oxalá viesse todo mundo, mas existem coisas que não devem ser inculcadas como se tratasse de uma programação. Existem ventos que precisam ser sentidos.

Temos o Brasil que merecemos

Nós brasileiros temos o país que merecemos. Não serve repetir de forma copiosa as críticas superficiais à classe política. É necessário ir além... mas estamos tão acostumados estar aquém de qualquer coisa, que é mais "legal" rir das respostas da "Gina INdelicada" que firmar um abaixo-assinado online para demonstrar que podemos rir (porque somos bem-humorados), mas que também podemos ser realmente críticos e demonstrar nossa real insatisfação com a corja de ladrões que vivem no Congresso.
Na semana passada foi adiada pela 5ª vez a votação que poria fim nos 14º e 15º salários que recebem os deputados, por falta de quórum. O relator do projeto, o deputado Afonso Florence tenta colocar o projeto na listra entre prioridades da Câmara, mas os parlamentares não aparecem para votar.
Uma das líderes do MCCE, Jovita Rosa, entregou a petição da Avaaz para o presidente da Comissão de Finanças e Tributação, o deputado Antônio Andrade. Mas o voto não aconteceu porque 20 deputados não apareceram.
Essa petição pode ser assinada por qualquer brasileiro, residindo em território brasileiro ou no exterior. O tempo para fazer isso é inferior a um minuto.
Acabo de consultar o site da Avaaz e há nesse momento 163.936 assinaturas. Algumas matérias circularam nos principais jornais e portais de notícias no Brasil falando sobre o assunto... é realmente um número pífio se comparamos o número de acessos aos vídeos toscos que são colocados no Youtube. A "Gina INdelicada" conseguiu quase 2.000.000 de "curtir" em um pouco mais de três semanas.
Para os que ainda não assinaram e desejam ampliar esse número, deixo abaixo o site onde se pode firmar a petição. Quanto mais gente assinar, maior será a pressão sobre essa gente corrupta.
http://www.avaaz.org/po/fim_do_14_e_15_salario_parlamentar_c/

segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Ó Gente da Minha Terra, Mariza

É meu e vosso este fado
Destino que nos amarra
Por mais que seja negado
Às cordas de uma guitarra

Sempre que se ouve o gemido
De uma guitarra a cantar
Fica-se logo perdido
Com vontade de chorar

Ó gente da minha terra
Agora é que eu percebi
Esta tristeza que trago
Foi de vós que recebi

E pareceria ternura
Se eu me deixasse embalar
Era maior a amargura
Menos triste o meu cantar

Ó gente da minha terra
Agora é que eu percebi
Esta tristeza que trago
Foi de vós que recebi

Ó gente da minha terra
Agora é que eu percebi
Esta tristeza que trago
Foi de vós que recebi


Linda música de Tiago Machado, com poema de Amália Rodrigues, interpretado pela incrível Mariza.

Há alguns anos, tive a oportunidade de vê-la ao vivo, cantando essa linda música. No mesmo show, no Conde Duque, ela cantou "Zanguei me com meu amor" sem microfone para 20 mil pessoas, com o reflexo da lua nas lágrimas dos que estávamos ali. 


quinta-feira, 6 de setembro de 2012

Vídeo de Olvido Hormigos

"Olvido" como em português, significa "esquecimento" em espanhol. Mas para a vereadora do município de Los Yébenes (província de Toledo), o seu nome está sendo o mais lembrado nos últimos dias, aqui na Espanha. 
Não é a primeira e nem será a última pessoa que tem o desgosto de ver um vídeo íntimo se transformar em viral na internet. Apesar dos inúmeros exemplos, ainda há muita gente que se deixa levar pelos impulsos hormonais e acaba esquecendo dos riscos que correm.
A vereadora havia gravado um vídeo onde ela se masturbava e segundo ela, fora feito para o seu marido. Em sua cidade, esse assunto já havia sido bastante comentado pelos moradores há um mês, mas devido a repercussão do acontecimento nas redes sociais, Olvido Hormigos agora é a protagonista do momento na Espanha. Devido a tanta pressão e angústia, a vereadora socialista anunciou o pedido de  demissão. Mas para a sua surpresa, acabou recebendo apoio de vários colegas, inclusive de adversários políticos. Até a presidente da Comunidade de Madri, Esperanza Aguirre, manifestou palavras positivas.
O certo é que, ao contrário do que ocorrera na Costa Rica, com a vice-ministra da Juventude, Karina Bolaños, a política seguirá ocupando o seu cargo, pois a petição de sua demissão poderá ser anulada ainda hoje. Em uma entrevista na rádio Onda Cero, Olvido declarou que o apoio popular é o que está fazendo com que ela mude de ideia. Isso é o próprio reflexo da diferença cultural que existe entre a sociedade espanhola e os países da América Latina. Vendo as opiniões das pessoas, tanto nos telejornais como na própria internet, fico contente em ver que aqui a hipocrisia é menor, neste aspecto.

Resposta de Jean Wyllys a jornalista homofóbico

O candidato a prefeito de Joinville pelo PSOL, meu companheiro Leonel Camasão, decidiu incluir um beijo gay no horário eleitoral. Algumas pessoas podem ver isso como uma provocação —necessária — mas eu vejo, principalmente, como um ato pedagógico. Leonel teve a coragem de aproveitar os poucos segundos que ele tem na televisão para dizer aos habitantes de Joinville que ele vai governar para todos e todas, inclusive para as minorias historicamente injuriadas. Leonel teve a coragem de dizer que o governo dele vai ser inclusivo e que ele não vai aceitar qualquer forma de racismo, seja por gênero, cor da pele, sexualidade ou o que for.

Ele usou esses poucos segundos, também, para levar à televisão o que a própria televisão, por falta de coragem, invisibiliza: o afeto entre iguais. Quem ainda é ou já foi um menino, menina, ou adolescente LGBT, sabe muito bem o que significa viver num mundo que te trata como invisível. Heterossexuais existem nos desenhos animados, na novela, no cinema, nos seriados, nas músicas, na publicidade, nas histórias que são contadas pelos pais, pelos professores, e até nos exemplos de orações, para analisar sintaticamente nas aulas de português. Há uma fase na vida de toda criança LGBT em que ela acha que é a única do mundo. A família, os amigos, e os colegas também vivem nesse mundo em que nós somos invisíveis. Como poderiam nos entender?
A política deve cumprir essa função pedagógica. O que Leonel Camasão (Orgulho de você, companheiro!) disse para os habitantes de Joinville foi: Eu vou governar para todos e todas, não vou invisibilizar, esconder ou me esquecer de nenhum de vocês. E ele disse, ao mesmo tempo: Eu não me envergonho de dizer que vou governar, também, para a população LGBT da minha cidade. E mais: ele se posicionou claramente, num contexto político de crescimento ameaçador do fundamentalismo religioso na política, do lado daqueles que defendem o Estado laico, a liberdade e a igualdade. O PSOL é isso: um partido que tem lado e que não tem vergonha de mostrá-lo.
Leonel fez tudo isso através de uma imagem de alto conteúdo simbólico, numa campanha que, de modo geral, cansa, de tão vazia: “Eu sou fulano, 235443, vote em mim”; “Eu sou fulano, filho de sicrano, 235443, vote em mim”; “Eu sou fulano, o candidato de Mengano, 235443, vote em mim”. Leonel tem poucos segundos, mas decidiu preenchê-los de conteúdo. Não vote em mim porque eu sou fulano, filho de sicrano, apoiado por mengano. Vote em mim porque eu defendo estas ideias e valores.
Essa atitude corajosa, porém, foi recebida com gravíssimos insultos numa incrível coluna assinada por João Francisco da Silva, editor-chefe do Jornal da Cidade.
“Nojento aquele beijo gay exibido no programa eleitoral do Leonel Camasão, do PSOL. Tão asqueroso quanto alguém defecar em público ou assoar o nariz à mesa. Gostaria de saber qual a necessidade de exibir suas preferências sexuais em público? Para mim isso é tara, psicopatia. No mínimo falta de decoro. E a “figura” quer ser prefeito e se diz jornalista”, escreveu Da Silva.
Não vou responder às baixarias, que só qualificam seu autor. Apenas quero apontar para o fato de que chamar um beijo de “nojento”, comparar um ato de amor com “defecar em público” é algo que somente uma pessoa gravemente doente ou perversamente má poderia fazer. Mas, por trás da grosseria, do mal gosto e da falta de eduçação do jornalista, há um pano de fundo que acho, sim, importante analisar: a ideia de que nós, gays e lésbicas, deveríamos voltar aos armários, viver escondidos e nos envergonharmos de nós mesmos. O racismo que volta vestido com outras roupagens, mas não deixa de ser racismo.
“Qual é a necessidade de exibir suas preferências sexuais em público?”, pergunta-se o jornalista.
Ora, a resposta é óbvia e qualquer pessoa deveria ser capaz de respondê-la: é a mesma necessidade que todo o mundo tem! Heterossexuais se beijam na rua, no cinema, no restaurante, na boate, em todos os lugares que quiserem. Andam de mãos dadas, tiram as férias juntos e se hospedam no mesmo quarto, apresentam seus parceiros ou parceiras aos colegas de trabalho, à família, aos amigos, aos vizinhos, mudam o status de “solteiro” para “em um relacionamento sério” ou “casado” no Facebook, são representados na novela e nos filmes — e neles tem beijos, tem cenas sensuais, tem sexo, tem brigas de casal, tem reconciliações, tem infidelidades, tem amor à primeira vista, tem ciúmes, tem paixão. Heterossexuais namoram até nos contos infantis.
Qual é a necessidade dos heterossexuais de exibir suas preferências sexuais em público? A mesma que a de todo o mundo! O problema está na maneira em que algumas pessoas ignorantes, preconceituosas e doentes de ódio nos enxergam. É a mesma maneira em que os racistas enxergam os negros. É a mesma maneira em que os antissemitas enxergam os judeus. É assim que os “João Francisco da Silva” da vida nos veem. E é através desse prisma embaçado, sujo, que a visão deles se distorce, e quando eles veem um beijo, não conseguem ver um beijo, mas alguma outra coisa que está, apenas, na mente deles.
Quando duas mulheres que se amam se beijam, quando um homem e uma mulher que se amam se beijam, quando dois homens que se amam se beijam, é sempre um beijo. Um beijo é sempre um beijo! E quando dois homens andam de mãos dadas, quando duas mulheres almoçam juntas em um restaurante, quando um gay apresenta seu namorado para os amigos, quando uma lésbica tira férias com a namorada dela, quando um casal do mesmo sexo vai ao cinema e se beija durante o filme, eles não estão “se exibindo”. Eles  estão, apenas, vivendo suas vidas. Como todo o mundo.
Como disse a cantora — e minha grande amiga — Zélia Duncan, em depoimento gravado para a campanha pelo casamento civil igualitário no Brasil: “Qualquer argumento contra o amor é um argumento vazio. É preconceito. E o preconceito é filho da ignorância e irmão da violência”.
                                                                                                               Jean Wyllys 


 Assine a petição pública em repúdio ao jornal catarinense: http://www.peticoesonline.com/peticao/nota-de-repudio-ao-jornal-da-cidade-joinville/718
  
Texto extraído do site do deputado Jean Wyllys.

Genesis, de Grimes


Gosto da voz enjoada da Grimes, assim como o estilo que fica difícil de definir. Mas como não sou um incansável na procura de definições, limito-me ao prazeiroso mundo da música onde o sentimento é o único que importa. Você gosta ou não gosta. Não há quem explique bem de onde vem a simpatia e como ela é subjetiva, tentar fundamentar sempre acaba sendo algo próprio.

O que gosto ainda mais são os videoclipes que sempre te remetem à dúvida de se é algo que já é antigo ou totalmente futurista, onde a realidade se confunde com o surrealismo.
O vídeo da música "Genesis" é no mínimo interessante e para os que gostam dessa jovem artista canadense, não se sentirão decepcionados ao conferir o novo trabalho dela.



quarta-feira, 5 de setembro de 2012

A Carne é Fraca

Há alguns anos eu já tinha ouvido falar sobre o documentário produzido pelo Instituto Nina Rosa, sobre o impacto do consumo de carne no meio ambiente. Confesso que não tinha vontade de vê-lo. Ainda comia carne e seguia a onda de comentários que frivolizavam esse trabalho que, hoje sei, maravilhoso.
A intenção de "A Carne é Fraca" é fundamentalmente o de conscientizar a população sobre o grande erro que cometemos ao nadar de acordo com a corrente imposta pelo sistema capitalista. Denuncia o que muitos não temos a ousadia de imaginar: o sofrimento dos animais desde quando nascem até a sua morte, cujo destino final é o nosso estômago.
Não quero fazer nenhum julgamento ético ou moral sobre a forma como as pessoas vivem. Mas divulgo o documentário em questão para os que estejam interessados em conhecer outra perspectiva de vida.


terça-feira, 4 de setembro de 2012

O Temido Inimigo

Havia uma vez, num reino muito longínquo e perfeito, um rei que gostava muito de sentir-se poderoso. Seu desejo de poder não era satisfeito somente por possuí-lo, ele necessitava que todos o admirassem por ser tão poderoso, da mesma forma que a madrasta da Branca de Neve, para quem não era suficiente sentir-se bela, e também necessitava olhar-se num espelho que lhe dissesse quão poderoso era. Embora ele não tivesse espelhos mágicos, contava com um monte de serventes e cortesãos ao seu redor aos quais lhes perguntava se era o homem mais poderoso do reino.

Invariavelmente ouvia a mesma reposta:

 - Alteza, és muito poderoso, mas tu sabes que o mago tem um poder que ninguém possui. Ele conhece o futuro.

Naqueles tempos, alquimistas, filósofos, pensadores, religiosos e místicos era chamados genericamente de “magos”.

O rei estava com muita inveja do mago do reino, pois ele não somente tinha fama de ser um homem muito bom e generoso, como o povo o amava, admirava e comemorava que ele existisse e morasse ali.

Não diziam o mesmo do rei.

Talvez por necessitar mostrar quem mandava; o rei não era justo, equânime, e muito menos, bondoso.

Um dia, cansado do que as pessoas lhe contassem o quão poderoso e querido o mago era, ou talvez motivado por essa mistura de ciúmes e temores que gera a inveja, o rei elaborou um plano:

Organizaria uma grande festa para qual convidaria o mago. Após o jantar, pediria atenção de todos. Chamaria o mago ao centro do salão e, na frente dos cortesãos lhe perguntaria se era verdade que podia ler o futuro. O convidado teria duas possibilidades: dizer que não, defraudando assim a admiração das pessoas ou dizer que sim, confirmando a sua fama. O rei estava seguro que escolheria a segunda possibilidade. Assim sendo, lhe pediria que falasse a data na qual o mago do reino ia morrer. Ele daria alguma resposta, um dia qualquer, não interessava qual dissesse que no mesmo instante, o rei planejava sacar a sua espada e matá-lo. Com isso conseguiria duas coisas ao mesmo tempo: livrar-se do seu inimigo para sempre e, segundo, demonstrar que o mago não tinha podido ver o futuro, sendo que sua predição tinha sido errada. Numa só noite acabaria com o mago e com o mito de seus poderes.

Os preparativos começaram logo e finalmente o dia da festa chegou.

Após o grandioso jantar, o rei convidou o mago ao centro do salão e lhe perguntou:

- É verdade que podes ler o futuro?

- Um pouco – respondeu o mago.

- E podes ler teu próprio futuro? – perguntou o rei.

- Um pouco – respondeu o mago.

- Sendo assim, quero que me dês uma prova disso – falou o rei. – Quando morrerás? Qual a data de tua morte?

O mago sorriu, olhou nos olhos do rei e não respondeu.

- O que está acontecendo mago? – disse o rei sorridente. – Talvez não saibas? Então não é verdade que podes ver o futuro?

- Não se trata disso – respondeu o mago – não me atrevo a dizer-te o que eu sei.

- Como não se atreves? – falou o rei – Eu sou o teu soberano e te ordeno que me digas. Deves perceber o quanto e importante para o reino saber quando perderemos as pessoas mais ilustres. De forma que me responda quando morrerá o mago do reino?

Após um tenso silêncio o mago olhou para o rei e falou:

- Não posso precisar a data. Sei, porém, que o mago morrerá exatamente um dia antes do rei.

Durante alguns minutos o tempo se congelou. Um murmúrio correu entre os convidados.

O rei sempre tinha dito que não acreditava em magos nem em adivinhações, mas o fato é que não se atreveu a matar o mago.

Lentamente o soberano abaixou a cabeça e ficou em silêncio. Os pensamentos atropelavam-se na sua cabeça.

Percebeu que havia cometido um erro. Seu ódio e inveja tinham sido seus piores conselheiros.

- Alteza, ficou pálido. O que aconteceu? – Perguntou o mago.

- Estou me sentido mal – respondeu o monarca. - Vou retirar-me para o meu quarto. Agradeço que tenha vindo.

E com um gesto confuso o rei girou em silêncio e se encaminhou para o seu quarto. O mago era muito inteligente e tinha dado a única resposta que evitaria a sua morte.

Tinha lido a sua mente?

Não, a predição não podia estar certa. Mas e se fosse? Estava aturdido.

Pensou que seria trágico se alguma coisa acontecesse com o mago a caminho de casa. O rei voltou-se e disse em voz alta:

- Mago, és famoso no reino pela tua sabedoria. Peço-te para passares esta noite no palácio, pois gostaria de discutir com você algumas decisões reais pela manhã.

- Majestade! Será uma grande honra – respondeu o convidado fazendo uma reverência.

O rei deu ordens aos seus guardas para que acompanhassem o mago ao quarto de hóspedes do palácio e que vigiassem sua porta, a fim de assegurar-se de que nada lhe aconteceria.

Essa noite o rei não conseguiu dormir. Estava muito inquieto, pensando no que poderia acontecer se ao mago tivesse lhe feito mal a comida, ou se caísse acidentalmente ou se, simplesmente, tivesse chegado a sua hora.

Bem cedo pela manhã, o rei bateu à porta do seu convidado. Ele nunca em sua vida tinha pensado em consultar nenhuma das suas decisões, mas desta vez, quando o mago o recebeu, lhe fez uma pergunta. Necessitava de uma desculpa.

O mago, que era um sábio, deu-lhe uma resposta correta, criativa e justa.

O rei, quase sem escutar a resposta, elogiou o hóspede pela sua inteligência e pediu-lhe que ficasse mais um dia, supostamente para “consultar-lhe” outro assunto.

O mago, que tinha a liberdade que somente conquistam os iluminados, aceitou.

A partir desse momento, todos os dias, seja pela manhã, ou pela tarde, o rei ia até as dependências do mago para consultar-lhe alguma coisa e o comprometia para uma nova reunião no dia seguinte.

Não passou muito tempo até que o rei percebeu que os conselhos do seu novo assessor eram sempre acertados e começou, quase sem dar-se conta, a considerá-los em cada uma das suas decisões.

Passaram-se os meses e depois os anos. E como sempre acontece: estar perto daquele que sabe, torna mais sábia a quem nada sabe.

Assim aconteceu, o rei lentamente foi se tornando mais e mais justo.

Deixou de ser despótico e autoritário, não precisou mais sentir-se poderoso e por isso deixou de precisar demonstrar seu poder. Percebeu que a humildade também poderia ter as suas vantagens. Começou a reinar de uma maneira mais sábia e bondosa.

E aconteceu que o povo começou a amá-lo, como jamais o tinham amado antes.

O rei já não ia visitar ao mago a fim de conferir a sua saúde, ia realmente para aprender, para compartilhar alguma decisão ou simplesmente para conversar. O mago e o rei tornaram-se excelentes amigos.

Quatro anos após aquele primeiro encontro, e sem nenhum motivo, o rei se lembrou que aquele homem, a quem considerava seu melhor amigo, tinha sido o seu mais odiado inimigo. Lembrou-se do plano que uma vez tinha elaborado para matá-lo.

Achou que não podia conservar por mais tempo aquele segredo sem sentir-se hipócrita. O rei juntou coragem e foi até o quarto do mago. Bateu na porta e assim que entrou, falou:

- Meu irmão, tenho uma coisa para te falar que me oprime o peito.

- Fale – respondeu o mago – e alivia teu coração.

Naquela noite quando te convidei para jantar e te perguntei sobre a morte, na verdade eu não queria saber sobre o teu futuro. Eu planejava te matar, qualquer que fosse a resposta, queria que tua morte inesperada desmistificasse tua fama de adivinho. Odiava-te porque todos te amavam. Estou tão envergonhado.

O rei suspirou e continuou:

- Naquela noite eu não tive coragem para matar-te e agora que somos amigos, mais que amigos, irmãos, e me apavora pensar em tudo que teria perdido se o tivesse feito. Hoje senti que não posso continuar ocultando minha infâmia. Necessitei te dizer tudo isso para que perdoe ou me despreze, mas com toda franqueza.

O mago olhou para o rei e falou:

- Demorastes muito em poder me falar isso. No entanto fico feliz que o tenha feito, porque somente isso me permitirá dizer-te que eu já sabia. No instante em que você me fez a pergunta e levou sua mão à sua espada, foi tão clara a intenção que não era necessário ser adivinho para perceber o pretendias fazer. – O mago sorriu e colocou a mão sobre o ombro do rei – Como justa retribuição a tua sinceridade; devo dizer-te que também te enganei. Confesso que inventei aquela absurda história da minha morte antes da tua a fim de te ter como a um irmão. Um irmão que somente hoje está em condições de aprender, talvez a coisa mais importante que tenha te ensinado:

- Vamos pelo mundo odiando e rejeitando aspectos das pessoas e até de nós mesmos, que acreditamos desprezíveis, ameaçadores ou inúteis e, no entanto, se deixarmos passar o tempo suficiente, acabamos percebendo o quanto seria difícil viver sem aquelas coisas que rejeitamos em um dado momento. Tua morte, querido amigo, chegará justamente no dia de tua morte e nem um minuto antes. É importante que saibas que já estou velho e que meu dia está chegando. Não existe nenhuma razão para pensar que tua partida esteja atrelada a minha. Nossas vidas é que se ligaram; não nossas mortes.

O rei e o mago se abraçaram e comemoraram brindando pela confiança que sentiam por essa relação que haviam construído.

Conta a lenda, que misteriosamente, nessa mesma noite, o mago morreu durante o sono.

O rei soube da notícia na manhã seguinte e sentiu-se desconsolado. Não estava angustiado pela idéia de sua própria morte, tinha aprendido com o mago a desapegar-se até de sua permanência neste mundo. Estava triste pela morte do seu amigo. Que estranha coincidência tinha feito que o rei pudesse contar ao mago tudo aquilo justamente na noite anterior a sua morte? Ou seria que, talvez, de alguma forma desconhecida, o mago tinha feito com que ele pudesse falar aquilo para poder acabar com a crença que ele morreria um dia depois? Um último ato de amor para liberá-lo de seus temores de outros tempos.

Contaram que o rei levantou-se e com suas próprias mãos cavou no seu jardim uma tumba para o seu amigo, o mago, bem abaixo de sua janela. Enterrou ali seu amigo e ficou o resto do dia ao lado do túmulo, chorando como somente se chora a perda dos seres mais queridos. Somente com a noite já avançada, o rei voltou para o seu quarto.

Conta a lenda... Que nessa mesma noite, exatamente um dia após a morte do mago, o rei morreu enquanto dormia.

Talvez seja casualidade. Talvez de dor. Talvez para confirmar o último ensinamento de seu mestre. 
                                                                                                                                            Jorge Bucay

Dilma responde FHC


“Citada de modo incorreto pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, em artigo publicado neste domingo, nos jornais O Globo e O Estado de S. Paulo, creio ser necessário recolocar os fatos em seus devidos lugares.
Recebi do ex-presidente Lula uma herança bendita. Não recebi um país sob intervenção do FMI ou sob a ameaça de apagão.
Recebi uma economia sólida, com crescimento robusto, inflação sob controle, investimentos consistentes em infraestrutura e reservas cambiais recordes.
Recebi um país mais justo e menos desigual, com 40 milhões de pessoas ascendendo à classe média, pleno emprego e oportunidade de acesso à universidade a centenas de milhares de estudantes.
Recebi um Brasil mais respeitado lá fora graças às posições firmes do ex-presidente Lula no cenário internacional. Um democrata que não caiu na tentação de uma mudança constitucional que o beneficiasse. O ex-presidente Lula é um exemplo de estadista.
Não reconhecer os avanços que o país obteve nos últimos dez anos é uma tentativa menor de reescrever a história. O passado deve nos servir de contraponto, de lição, de visão crítica, não de ressentimento. Aprendi com os erros e, principalmente, com os acertos de todas as administrações que me antecederam. Mas governo com os olhos no futuro.
Dilma Rousseff
Presidenta da República Federativa do Brasil"

domingo, 2 de setembro de 2012

Negro

Folhas de pintura vazias, peças intocadas de argila
Foram dispostas diante de mim, como o corpo dela um dia esteve
Todos os cinco horizontes girando ao redor de sua alma
Como a Terra ao redor do Sol
Agora o ar que eu provei e respirei mudou de rumo

E tudo o que ensinei a ela foi sobre tudo
Eu sei que ela me deu tudo o que podia
E agora minhas amargas mãos se arranham abaixo das nuvens
Do que tudo isso era feito?
Todas as imagens que tenho, foram todas banhadas em preto, tatuando tudo

Eu saio pra passear
Sou cercado por algumas crianças brincando
Eu posso sentir suas risadas, então porque eu desanimo?
E pensamentos confusos giram ao redor de minha cabeça
Estou girando, oh, estou girando
Quão rápido o sol pode se pôr
E agora minhas amargas mãos embalam vidros quebrados
Do que tudo isso era feito?

Todas as imagens que tenho, foram todas banhadas em preto, tatuando tudo
Todo o amor tornou-se mal, transformou meu mundo em escuridão
Tatuando tudo que vejo, tudo o que sou, tudo o que sempre serei

Eu sei que algum dia você terá uma linda vida, eu sei que você será uma estrela,
No céu de um outro alguém, mas porque, porque, porque
Não pode ser, não pode ser meu?
                                        "Black", by Eddie Veder/Stone Gossard (Pearl Jam)

Uma das minhas canções favoritas de uma das minhas bandas favoritas.
 

"Talvez em outra vida, eu fui brasileira"

Eu devia ter doze ou treze anos, quando em um programa de televisão que não assistia com muito interesse, exceto quando falava dos Beatles (sempre para falarem mal deles, chamando-os pejorativamente de cabeludos), ela apareceu.
Naquela tela asséptica de rostos bem barbeados e cabelos cortadinhos, a cara dela, o seu cabelo, esses olhos cansados de haver vivido muito, principalmente de muitas noites baixando ao mais escuro de seu ser e, acima de todas essas coisas, a sua voz: a mais canalha, harmônica e sugestiva das quantas que eu já havia ouvido até então. Era Maysa Matarazzo e ancorou na Espanha, acredito que como mulher de diplomático, pelos anos sessenta, escapando-se alguma noite ou outra a cantar em qualquer dos dois clubes de jazz que havia em Madri.
A necessidade de saber mais dela e de outras pessoas que também faziam esse tipo de música em Brasil, compartilhei com outro amigo, com o que passava tardes inteiras tentando tirar os acordes de "Garota de Ipanema", no violão. A partir desse momento, começamos um longo caminho pelas lojas de música, tentando conseguir alguma produção musical de Chico, Elis, Gilberto, Caetano, etc... pedindo a algum amigo que tinha a sorte de sair da Espanha, o favor de comprar alguns discos deles. Meu deus! Eles quebraram os esquemas! Era outro conceito de estético-musical-ideológico. Minha grande ilusão, quase como uma fixação, foi conhecer o Brasil, e talvez sonhando muito, conhecê-los pessoalmente.
A oportunidade chegou no ano de 82 e, não viajando como turista, mas sim para trabalhar com músicos brasileiros. Ainda recordo a tarde em que tive que gravar "A noite dos mascarados" com Chico. A voz não saía. Era possível que isso acontecesse? Sim, claro que era possível. Finalmente eu os conheci e ainda pude compartilhar a música com eles. Finalmente me abriram as portas do conhecimento. Mas nunca, provavelmente, desvendarei o mistério das harmonias deles, essas que te tocam e te arrepiam. Talvez porque não há que entender, somente se deixar penetrar por elas. "Muito obrigado a todos eles". E uma reflexão: talvez em outra vida, eu fui brasileira.
                                                              Ana Belén, 61, cantora e atriz espanhola.



Relato escrito pela incrível Ana Belén sobre a relação que tem com a música brasileira, extraído da contracapa do livro "Canta Brasil", de Carlos Galilea Nin, publicado na Espanha em 1990.



                                        "Noche de Máscaras", Ana Belén e Chico Buarque

sábado, 1 de setembro de 2012

Espanha cada vez mais pobre

Hoje acordamos mais pobres que ontem, aqui na Espanha. Tudo subiu, menos o salário. E há muitos empresários que baixaram a remuneração de seus funcionários, respaldados pela reforma da lei trabalhista que entrou em vigor no dia 07 de fevereiro deste ano. Ter um emprego passou a ser um privilégio aqui no país ibérico. Cerca de 25,1% da população ativa está desempregada. Esse número tende aumentar no próximo mês com o fim do verão, época onde termina o contrato temporário de vários profissionais contratados no início da estação para atender a demanda turística, pois afinal de contas, Espanha é o país europeu com as melhores praias e melhor clima para a temporada de calor.
O imposto sobre o valor acrescentado (IVA) que é cobrado na União Europeia sobre qualquer despesa ficou mais caro em terras espanholas a partir de hoje. Se antes nos atormentávamos com a ideia desse aumento de preços, agora viveremos na carne o que isso realmente representará na nossa qualidade de vida.
Luz, água, alimentação, lazer, cultura, saúde, transporte, etc. Tudo é mais caro e provavelmente haverá uma retração ainda maior na fustigada economia espanhola. E quem realmente sofre com tudo isso? A maior parte da população, pois levando em consideração que a desigualdade social por esses lados é pífia. Uma avalancha de pessoas descenderam à pobreza.
Se ainda não fosse pouco, hoje o direito de pessoas imigrantes de receber tratamento médico será subtraído se elas estiverem aqui de forma irregular. Calcula-se que mais de 150 mil pessoas com doenças crônicas deixarão de ser atentidas e vários médicos denunciam que isso será a sentença de morte para muitos.
Posso dizer que desde que cheguei aqui, percebo com facilidade o grande contraste. A prosperidade durou pouco para o que está durando a precariedade.