sexta-feira, 4 de junho de 2010

Marina Silva, a voz do preconceito

Sempre gostei da Marina Silva, sua trajetória pessoal e política é admirável.
Todos temos o direito de mudar de opinião, de ideologia, afinal essa é uma das grandes mágicas da vida;o livre arbítrio. Mas confesso que fiquei um pouco triste quando ela trocou o PT pelo PV. Logo veio na mente, a figura de Chico Mendes, um dos fundadores do Partido dos Trabalhadores, com o qual Marina Silva esteve "casada" politicamente. Mas cabe a todos nós, respeitar as decisões alheias, que são próprias e instransferíveis.

A ex-Marina do PT, agora candidata à presidência da nossa República, por um partido que é segmento de outros de ideologias direitistas, expressou verbalmente o que nós que a acompanhamos, já sabíamos. Declarou com todas as letras que é contra o matrimônio entre duas pessoas do mesmo sexo, demonstrando assim sua ilegitimidade e incompetência para governar um país considerado democrático. Mostrou-se pequena demais para ocupar esse cargo. Para presidir um país laico é necessário deixar seus dogmas religiosos de lado, estamos falando de Brasil e não de Arábia Saudita. Não temos o Alcorão ou a Bíblia como Constituição.

Em um país plural como o nosso, não podemos permitir que uma pessoa com uma visão tão unilateral sobre os direitos civis chegue a ser nossa maior representante. Não podemos aceitar que nenhum grupo por ser considerado minoria continue sendo desrespeitado.

Respeito aos religiosos, apesar de ter uma opinião formada sobre as religiões. Mas não posso fazê-lo com aqueles que são fundamentalistas e acreditam possuir o direito de decidir o que faço ou não da minha vida. Não posso respeitar aos que me marginalizam e sentem-se superiores, cheios de falsidades moralistas. Amem aos seus deuses e não tentem impedir que as pessoas, independente de sexo e sexualidade, se amem.

Estamos em época de eleições. Antes de digitar os dois números que podem interromper o progresso que vem sendo alcançado nos últimos anos, pensem bem. Temos o privilégio de viver em uma época onde a informação pode ser constrastada, questionada e refletida. A internet é uma das ferramentas mais democráticas que foi inventada e não há dúvida que, graças a ela, os donos do mundo perdem a cada dia, o poder da manipulação.

A quem poderia prejudicar o casamento homossexual? Se você é heterossexual, isso não irá interferir na sua vida. Mas se você é homossexual, terá os mesmos direitos que os demais, como reza a justiça de senso comum.

Hoje fiquei muito decepcionado com Marina Silva. Considero-a uma mulher inteligente e sua declaração, tentando reparar o efeito de suas convicções foi um verdadeiro gesto de desonestidade intelectual. Ingenuidade ou cinismo? Qualquer pessoa sabe que, quando a comunidade LGBT reivindica o direito ao matrimônio,não está pedindo para que um religioso abençoe sua relação, mas sim, o respaldo de todos os direitos que qualquer cidadão merece, sem discriminação de sua sexualidade.

2 comentários:

Lidia Maria de Melo disse...

Também admiro a trajetória de Marina Silva. Aliás, já tive a oportunidade de conversar com ela aqui em Santos, em uma antevéspera de Natal, fazendo compras no Super Centro do Boqueirão. Passeava anonimamente com seus filhos quando a abordei.
Quanto a seus argumentos sobre os direitos de todo e qualquer cidadão brasileiro, concordo plenamente. O Brasil é plural. Nossa constituição é democrática, não permite discriminações.
Quanto ao horário de seu post, me chama a atenção uma coisa: você está no futuro. Escreveu no dia 4 de junho, sexta-feira,em Madri, enquanto neste instante, escrevo no dia 3 de junho, quinta-feira, no Brasil. Esse fuso horário me diverte e me permite dizer: hoje, para você, já é amanhã. Beijo diretamente do passado.

Gustavo P. disse...

Também fiquei muito decepcionado com a Marina Silva. Ela ERA a minha candidata à presidência, mas acabo de mudar de opinião. Concordo que ela tenha uma trajetória admirável, porém essa atitude, a meu ver, desclassifica-a como Presidente da República, principalmente pelo fato de ela considerar mais conceitos, ou melhor, pré-conceitos religiosos que os direitos civis.