O Irã é o único país do mundo que permite o comércio de órgãos.
Controlado pelo estado, os transplantes só podem ser efetuados em
centros designados pelo governo e os pacientes têm de ser cidadãos
iranianos. Essa lei entrou em vigor em 1988 e desde 1999 já não existe
mais lista de espera no país.
Na reportagem do jornalista Saeed Kamali Dehghan, publicada ontem no jornal britânico "The Guardian", mostra a concorrência na venda de rins entre os iranianos mais pobres. Perto da Associação de Caridade de Apoio de Pacientes Renais, em Teerã, o número de anúncios tem se multiplicado ultimamente pelas ruas. É possível encontrá-los facilmente em murais de classificados, muros, nas portas de residências particulares, postes e até em árvores. Em qualquer lugar que esteja bem visível. Cada vendedor procura a forma que acha que irá chamar mais atenção, escrevendo em letras grandes e coloridas. A concorrência é grande e alguns acabam arrancando ou acrescentando informações suas em anúncios de outros. Os preços variam e podem alcançar a cifra equivalente a vinte mil reais.
O tráfico internacional de órgãos humanos
No Paquistão, nas Filipinas, na China, no Norte de África ou na América Latina não é difícil comprar um órgão e é assim que muitas vezes se passa por cima das listas de espera por um transplante. Essa prática corresponde a 10% dos órgãos transplantados no mundo e os "turistas" são geralmente americanos, japoneses, europeus e principalmente israelenses.
Em Israel, muitos convênios médicos pagam os gastos dos clientes por obter um órgão em outros países, pois acaba sendo mais barato que a hemodiálise, por exemplo. Em 2007 houve um grande escândalo internacional ao ser revelado que muitos dos órgãos transplantados aos israelitas proveniam dos presos condenados à morte na China. Sem o consentimento dos réus executados, eram extraídos corações, córneas, pele, rins, pulmões e fígados, cujo tráfico contava com a ajuda de um esquema envolvendo policiais, juízes e médicos. Os anúncios eram (e ainda são) facilmente encontrados na internet. Apesar do governo chinês ter proibido o transplante de órgãos a estrangeiros, não existe um controle efetivo e essa prática continua existindo.
Além do gigante asiático, o Brasil também é destino alvo para esses comerciantes. É só lembrar do caso Operação Bisturi da Polícia Federal, em 2003, que prendeu o israelita Gedalya Tauber por chefiar um grupo que aliciava pessoas para venderem seus rins na África do Sul. O mafioso havia atuado na capital pernambucana e tinha convencido trinta pessoas a viajarem para o país africano, para serem internados em clínicas
especializadas em transplantes, cujas salas de cirurgias recebiam
cidadãos israelenses e norte-americanos dispostos a pagar fortunas em
troca de um novo órgão.
Uma das propostas para erradicar o tráfico ilegal de órgãos no mundo é a legalização do livre comércio. Essa solução acaba gerando uma série de conflitos éticos e morais. No Irã, o governo paga uma porcentagem dos gastos, mas o receptor é o que assume a maior parte. E isso acaba sendo um privilégio de pessoas ricas que acabam explorando os pobres de forma refinada.
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