Ouvir Vicente Celestino me transporta a um mundo nostálgico que vivi e a outro que imaginei. Era um dos cantores favoritos da minha avó materna e continua sendo um dos preferidos da minha mãe. Cresci escutando "que ele sim que era um grande cantor".
Quando era criança e acordava cedo para ir à escola, escutava as canções dele que tocavam nas rádios AM, que meus pais ouviam, enquanto tomava o café da manhã.
Graças à internet pude conhecer melhor o vasto material deixado por um dos maiores ídolos brasileiros da primeira metade do século XX.
Vicente Celestino nasceu no dia 12 de setembro de 1894, no Rio de Janeiro. Estreou profissionalmente no teatro em 1916, ano em que lançou o primeiro disco. Antes cantava em festas, serenatas e chopes-cantantes.
Em 1920 montou sua própria companhia de operetas, mas atuava paralelamente em outros gêneros musicais. Ganhou fama e logo começou a percorrer todo o Brasil, com companhias de revistas e operetas. Talvez tenha sido o artista mais relevante dos anos 20 no nosso país. Na década seguinte, começou a compor e uma de suas canções mais famosas, "O Ébrio", foi levada ao cinema em 1946. "Coração Materno" foi outro tema transformado em filme, no começo da década de 50.
Gravou mais de 130 discos em 78 RPM (única forma de amarzenamento de áudio até a invenção do disco de vinil, em 1948) e 31 LPs.
O Ébrio
Além de pianista, também tocava violão. E o que era comum naquela época, os cantores também eram atores. A voz de tenor, a paixão e arrebato que interpretava o que cantava fez com que ele tenha entrado para a história da nossa música.
Faleceu no dia 23 de agosto de 1968 aos 73 anos, quando estava de saída para um show com Caetano Veloso e Gilberto Gil, na famosa gafieira "Pérola Negra", que seria gravado para um programa de televisão, no começo do movimento tropicalista.
Mia Gioconda
A nossa música popular é diversa e riquíssima, temos grandes artistas escondidos no passado. Considero que atualmente existe uma carência profunda de qualidade musical, de acordo com meus gostos. Mesmo sendo eclético, não encontro quase nada que valha a pena e lamento que não hajam grandes revelações ultimamente. Mas como sou optimalista, aproveito para atravessar fronteiras geográficas a procura de novas descobertas e também resgatar nomes do passado.
Porta Aberta
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