sábado, 23 de junho de 2012

Viva o orgulho gay!

Quando se diz que a homofobia mata, muitos se limitam ao sentido literal da expressão de forma unilateral. Pensam que se refere apenas aos crimes que são cometidos contra as pessoas homossexuais por terceiros. Mas existem outros graus de violência e formas de matar e morrer.
A homofobia internalizada presente no subconsciente coletivo é a que acaba com milhares de pessoas, de maneira invisível, pois é camuflada e disfarçada.
Penso nos gays que não foram capazes de dar o passo decisivo e se limitaram a acreditar que ser homossexual realmente é algo inferior. Nos que ficaram encerrados dentro deles mesmos, remoendo culpa, ódio e rancor. Nos que assumem e seguem as normas da sociedade, que se casam e constroem famílias.
Percebo que há muitos homossexuais que não tiveram coragem de enfrentar o entorno inóspito para os gays. Mas analisando de forma pragmática, considero a auto-repressão mais cruel. A eterna contenda entre assumir um comportamento aceitável ou reconhecer a própria identidade e se liberar de culpas.
Não há como negar que aprendemos que ser homossexual é algo menor, que está errado, que "contraria a natureza de Deus" e que é motivo de repúdio. Nos inculcam valores homofóbicos desde que nascemos.
Muitos somos capazes de questionar essa ditadura. Como é possível ignorar as nossas sensações e sentimentos? Por que não beber água quando temos sede?
A homofobia mata também de forma invisível aos olhos dos demais. Quantos gays reprimidos que se horrorizam com a liberdade dos que se atreveram a contradizer as regras sociais?
Quantos gays acabam cometendo suicídio quando descobrem a sua sexualidade? Sem contar os que vivem uma vida que não lhes correspondem realmente. Pessoas que não aceitam o desejo por outras do mesmo sexo e que assumem compromissos com o sexo oposto apenas para serem aceitos socialmente.
Dentro de cada quarto de uma pessoa homossexual reprimida está o fel da tristeza, seja ela solitária ou compartilhada.


Quando falo sobre a tristeza de não aceitar o que se é, sempre acabo lembrando do filme "Beleza Americana", mas especificamente do personagem de Chris Cooper, o coronel aposentado do exército que é a personificação da violência gerada pela falta de auto-aceitação. Por viver reprimido, ele acaba sendo o algoz da película.

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