Carlos Drummond de Andrade
"Desista! Não passe perto!_ é o que aconselha Fernanda Montenegro aos atores que estão começando_Vá fazer qualquer outra coisa, tome distância. Agora se tiver um desasossego, morrer, não conseguir dormir por estar longe disso, aí sim, volte!
A que é considerada a grande dama do teatro brasileiro expressa nessa orientação que ator não é só uma profissão, é um estado de alma. E as dificuldades para exercer esse ofício exige muito mais que talento, é imprescindível ter vocação. E todos sabemos que para viver do teatro, além desses dois elementos fundamentais, é necessário mais dois fatores: dedicação e sorte. Infelizmente vemos muita gente que tem sorte e carece dos outros três adjetivos, lotando espaços e oferecendo nada ao público.
Ainda existe uma parcela da sociedade exigente de bons espetáculos, mas há mais oferta que demanda, e por isso, tantos atores brilhantes acabam desempregados. O que lota teatro nem sempre é a qualidade da obra em si, e sim a quantidade de pessoas conhecidas no elenco. E nem sempre esses pseudo-atores tornaram-se famosos pelo amor à arte, mas sim, pelo oportunismo das circunstâncias.
A história da expressão teatral se confunde com a da humanidade, desde os tempos primórdios. Em todas as culturas, a arte de representar sempre esteve presente, principalmente como manifestação religiosa. Não sabemos exatamente quando e onde começou. Talvez podemos afirmar que o conceito de teatro como conhecemos hoje, tenha surgido em 534 ac, por Tépsis, na Grécia antiga.
Sou amante do teatro desde pequeno e devo a Eluane Fagundes Alves (Lú Fagundes), esse sentimento. Através dele pude conhecer um pouco mais sobre os bastidores deste mundo paralelo. A paixão que ele transmitia ao comentar sobre um bom espetáculo era contagiante, o brilho nos olhos e a alegria no rosto. Fui assistí-lo várias vezes, desde sua época do TPI (Teatro Popular do Itapema) até as impressionantes montagens do grupo Orgone, criado por Renato Di Renzo. Também foi com ele que assisti pela primeira vez uma das melhores peças que já vi na vida, o monólogo "Donana", de Ronaldo Ciambroni. "Donana" me fez rir e chorar. A peça que está em cartaz há mais de 38 anos nos faz refletir sobre o idoso. Apesar do texto ter sido criado há quase 4 décadas, continua sendo muito atual. Não sei se os problemas que as pessoas da terceira idade enfrentam são apenas consequências do que colhemos o que plantamos ou mero descaso da política social brasileira. Talvez sejam as duas coisas. Sinceramente é um tema paradoxo.
Fiz teatro na escola e tentei sorte em um grupo amador. Tinha um pouco de vocação, mas carecia de talento. Acabei descobrindo que o meu papel é o de espectador. É a posição mais fácil e felizmente desfruto ser o que assiste. Não tenho vontade de estar lá no palco, adoro ser o observador. Por isso, respeito e valorizo o trabalho de todos os atores. Sem eles, faltaria brilho no mundo.
A beleza de atuar está presente em cada ator que ama realmente o que faz, é inerente à sua condição de espírito. Se não há amor, não há essência. E se não há essência, não há brilho. E se não há brilho, não há espetáculo.
Quero parabenizar a todos os atores e profissionais ligados ao teatro, aos que admiro, aos que conheço e aos que não pude conhecer ainda. E também aos amantes desse mundo que nos faz viver mil vidas... Ana Arcuri, Lú Fagundes, Ronaldo Ciambroni, Alex Amaral, Graça Berman, Telma Mallet, Blota Filho, Vander de Souza, Gabriel Mendonça, Alexandre Camilo, Gorete Milagres, Luis Fabiano Teixeira, etc...etc...etc...
Cristina Prochaska e Blota Filho
Graça Berman
Telma Mallet
Alexandre Camilo
Gorete Milagres
Um comentário:
Obrigada!!!!!
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