sábado, 16 de abril de 2011

Maria Gadú: outra joia da nossa MPB

Há exatamente um ano, estava no Brasil, apresentando o livro “O Teatro dos Anjos”. Foi durante a minha estância na minha pátria querida e idolatrada, que escutei finalmente o primeiro disco de Maria Gadú, através do meu amigo Eluane.
Mesmo morando em outro país, sempre estou antenado à atualidade brasileira, e como bom amante da música que sou, já sabia sua história e havia ouvido algumas canções através do You Tube.
Gadú surpreende. Seu aspecto físico revela certa rebeldia.  Quando a vi pela primeira vez, pensei que seu estilo fosse agressivo. Quando a escutei, veio a surpresa. A doçura de sua voz nos convida a momentos mais singelos. É calmo ouví-la. A beleza de sua voz é embriagadora.
Mas a sensibilidade dessa moça se equipara à grandeza de sua voz. Quando descobri que o disco era totalmente autoral, foi inevitável não admirá-la de forma imediata. Principalmente quando ouvi “Dona Cila”, composta pela cantora quando ainda era uma adolescente. Apesar da pouca idade, a letra dessa música demonstra a maturidade emocional que ela possui. Lidar com a morte das pessoas que amamos não é fácil. Ela soube transformar sua dor em pura poesia, característica intrínseca dos grandes artistas.
Essa canção feita para a avó, um mês antes de seu falecimento, tocou fundo a minha alma. Uma linda homenagem para a mulher que a inspirou a cantar e, que também era cantora, lírica, mas que infelizmente perdeu a voz pela ingestão de um produto químico. Ficou a frustração de não realizar alguns sonhos, entre eles, cantar em um teatro municipal e desfilar no Sambódromo da Marquês de Sapucaí, como baiana. Desejos que são cumpridos no clipe da música, onde a atriz Neusa Borges interpreta a protagonista da história: Dona Cila.
A impossibilidade da realização dos sonhos, que sempre são próprios, acaba causando uma grande insatisfação em todos nós. Conviver com essa frustração é um grande exercício para nossa própria evolução e equilíbrio. Nem sempre conseguimos o que queremos. Mas a vida em si é muito mais ampla do que qualquer desejo. Ganhamos e perdemos constantemente. Acredito que dona Cila deve estar bem orgulhosa de ver que sua neta, Maria Gadú, entrou no rol dos grandes artistas da nossa música popular brasileira. Cada indíviduo é único e exclusivo, mas o amor é o elo que faz com que sejamos a extensão das pessoas que amamos.
Dedico essa canção à minha saudosa avó Madalena... “Oh meu pai do céu/limpe tudo aí/vai chegar a rainha/precisando dormir...”



Um comentário:

fernanda disse...

Lindas palavras meu caro, que satisfação eu tenho em vê-lo escrever tão lindamente e transmitindo tantos pensamentos que também são meus, gosto especialmente destes posts e do livro maravilhoso que escreveu, tenho muita felicidade ao lembrar de nossos passeios noturnos nas praias de Guarujá e de nossas conversas, que bom ter feito parte da vida de uma pessoa tão sensível.