Espero que um dia a homofobia cause tanta
indignação como o racismo no Brasil. E seria ingenuidade ou até mesmo
ignorância acreditar que as diferenças étnicas vivem em plena harmonia na
sociedade mais miscigenada do planeta. Discriminar alguém pela sua cor de pele
só passou a ser politicamente incorreto quando isso tornou-se um crime. Isso
não significa que esse comportamento deixou de existir. Enquanto a desigualdade
de oportunidades existir entre brancos e negros, não podemos considerar esse
problema erradicado. Ainda há um longo caminho pela frente. E que por mais
longo que seja, é bem menor que o percurso que as pessoas homossexuais tem de
caminhar para conseguir o real respeito à sua cidadania.
Há muito tempo, Jair Bolsonaro me produz
muita indignação. Mas, parafraseando o grande Marthin Luther King, “o que me
preocupa não é o barulho dos ruins e sim o silêncio dos bons”, vejo com
consternação a normalidade que é colocar no patamar inferior, o coletivo LGBT.
Qualquer pessoa pode humilhar e diminuir os gays publicamente sem nenhuma
punição. O deputado do Partido Progressista (não consigo entender realmente o
conceito que essa gente tem de progresso), ao longo de sua vida militar e
política, sempre teceu ofensas e comentários pejorativos às pessoas que não se
encaixam ao seu padrão arcaico e encerrado. Machista, homofóbico, racista,
enfim, uma pessoa que por muitas virtudes que poderia ter, não merece nenhum
tipo de respeito. Mas infelizmente existe um número expressivo de pessoas que
se identificam com ele. Foi eleito vereador na cidade do Rio de Janeiro em
1988, dois anos depois deputado federal e continua exercendo esse cargo há mais
de 20 anos.
A primeira vez que ouvi falar desse sujeito
foi em 2003, quando ele empurrou e chamou de vagabunda a atual Ministra da
Secretaria dos Direitos Humanos, Maria do Rosário (PT), na época, deputada
federal eleita pelo Estado do Rio Grande do Sul, no Congresso Nacional, diante
das câmeras. O incidente repercutiu no país inteiro, mas não houve nenhuma
penalização por esse comportamento.
Mulheres, índios, gays, negros e todas as
pessoas com ideologia esquerdista sempre
foram alvos do homem que defende abertamente a Ditadura Militar no Brasil. Mas
parece que a ideia de que os homossexuais possam conquistar os seus direitos
correspondentes como todos cidadãos, tira o sono do deputado que parece viver
uma eterna prisão de ventre.
Poderia especular sobre a perseguição dele
aos homossexuais, baseado nas teorias de Freud, mas nunca quis me aprofundar
sobre isso. Os complexos que ele esconde dentro de sua mente retrógrada não me
interessam. O que importa mesmo é que a sociedade brasileira que pretende
avançar nos direitos humanos faça a sua parte. É inadmissível ter uma pessoa
que está para servir à população, ataque as minorias, ignorando completamente
que uma nação é construída por uma diversidade de pessoas e que todas elas,
independente da religião, gênero, sexualidade, classe social e idade, merecem
igualmente serem respeitadas.
No ano passado, numa tentativa desonesta, o
homem que carece de valores básicos humanos, conseguiu levar à imprensa a ideia
derturpada do projeto do kit educacional anti-homofobia e pró-diversidade,
taxando-o de forma pejorativa como “kit gay”.
A ignorância e o deputado são sinônimos. Está mais do que demonstrado
que não se pode fazer apologia à nenhuma condição sexual, porque se assim
fosse, não existiria a comunidade GLBT. É impossível fomentar orientação
sexual, cada um tem a sua. Não é uma questão de educação, como acredita esse
deplorável ser. O deputado acéfalo
defendeu a violência como forma corretiva. Aconselhou a todos os pais de
homossexuais a agredirem fisicamente os filhos para os “endireitarem”. Mais triste que ver esse homem vomitando
palavras incoerentes foi ler nas notícias, semanas depois, que um pai matara
seu próprio filho, no interior paulista, pelo rapaz assumir sua condição
sexual. E é mais lamentável ver a passividade
das pessoas que são contrárias à suas ideias.
Foi necessário ele ter expressado sua
opinião racista à uma pessoa famosa para que ganhasse o repúdio de muita gente.
Infelizmente a homofobia no Brasil não é considerada um crime como é o
preconceito racial. Se assim fosse, esse homem estaria preso, merecidamente. A
sexualidade humana não pode ser fomentada, é algo inerente a cada indíviduo. É
própria. Agora o respeito sim, pode e deve ser inserido no código de ética de
todo mundo.
Respeito opiniões que divergem das minhas
desde quando as mesmas não contribuam para o preconceito. A discriminação não é
um mero fato de opinar, é uma violência.
Eu assinei uma petição pública para que o dito cujo seja penalizado pelo seu comportamento. Qualquer pessoa que se sinta ofendida ou solidária aos ofendidos, deixo o endereço para que possam firmar e divulgar.
http://www.peticaopublica.com/?pi=P2011N8333
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