A cada dia aumenta o número de defensores de cachorros e gatos. Talvez isso seja um bom começo. Poderia dizer que muitos os que defendem esses animais o fazem pela proximidade com eles e porque entendem que os mesmos são incapazes de se protegerem da virulência humana.
Já presenciei discursos apaixonados em defesa da vida de animais domésticos em uma churrascaria. É um exemplo exato de contradição e incoerência. Eu ainda não era consciente da contaminação cultural que existe em sacrificar um ser vivo para se alimentar. É absolutamente normal comer vacas, frangos, peixes e porcos. Provavelmente temos bem entendido que eles foram feitos para saciar a nossa fome e contribuir para a nossa nutrição.
Mas quando surge essa sensibilidade à vida do outro, também aparecem gradativamente algumas questões. Por que separá-los por classes? O animal que é estimado em uma parte do planeta também pode servir de alimento em outra região. É realmente uma questão cultural. Abrir a mente para essa possibilidade é apenas uma questão de disposição à reflexão. Não é necessário ir à Àsia para entender porque em alguns lugares deste continente a carne canina serve para o consumo humano. Nós ocidentais repudiamos esse comportamento porque na nossa cultura os cães são animais feitos para serem amados e não devorados.
Nós somos os únicos animais que podemos escolher o que iremos comer. Temos inteligência para saber o que é bom ou ruim para o nosso organismo. Alimentar-se da vida de outro ser vivo na atualidade é a perpetuação da frivolidade humana em detrimento aos outros animais.
Biologicamente não estamos desenhados para sermos carnívoros, apesar de inúmeras discussões sobre essa afirmação. A indústria da carne é potente e movimenta muito dinheiro. Logo, com tanto poder, não é fácil que a mesma manipule informações à sua conveniência. O mesmo ocorre em outros setores. Não há nenhuma novidade nisso.
O que pode ser novo é o levantamento da discussão sobre até onde as pessoas estão realmente preocupadas com o sacrifício dos bichos. Até onde a nossa moral nos permite caminhar por situações confortáveis. É mais fácil usar argumentos de que "deus criou alguns animais para a alimentação humana" e outros para serem amados. Existe um fundamento religioso nisso também. Mas eu, particularmente não consigo acreditar em um Deus que seja permissivo com o fim da vida que ele mesmo criou. A nossa inteligência é fruto da evolução, mas considero que ela nos foi dada de alguma forma divina para termos discernimento. É crença pessoal e complexa que fica difícil explicar aqui sem transgiversar o assunto em pauta. Há coisas que apenas sentimos.
A informação nos dá a consciência e a partir disso podemos abrir portas que podem mudar o rumo das nossas vidas. Penso que se fôssemos educados a respeitar a vida em todas as expressões, a violência no nosso mundo seria consideravelmente menor.
Existem inúmeros benefícios em renunciar o consumo de carne, desde a preservação do planeta até para a nossa própria saúde. São motivos egoístas, mas sempre são eles que fazem que o comportamento humano mude de direção. Mas para as pessoas que defendem gatos e cachorros, que ficam horrorizadas com o sacrifício dos outros animais para a vaidade humana, sei que o coração das mesmas está mais propício para refletirem sobre esse assunto de forma inteiramente altruísta e humana.
Convido aos que chegaram até aqui a assistirem o documentário "A Carne é Fraca". Considero um dos mais completos sobre o assunto. É uma chamada para a reflexão e consciência.
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