domingo, 27 de março de 2011
Esconderijo
Nesse quarto escuro
Existe um menino assustado
Ele é sozinho
E teme que o mundo encontre o seu cantinho
Entrega ele pra cuidar
Eu sei guardar segredo
Eu sei amar
Não conto pra ninguém
Que esse menino é alguém
De barba e gravata e que esse quarto escuro é sua alma
Esconderijo (Sandy Leah)
Não encerro os artistas em conceitos e tampouco considero menores os que não me despertam simpatia. Sandy tem evoluido na sua carreira e valorizo a sensibilidade dela quando escreve. Quando ouvi "Esconderijo", adorei. A letra expressa a realidade do medo que sente muita gente que reconhecemos como pedante. Acredito que todo pernóstico esconde uma criaturinha assustada e complexada dentro de si.
sexta-feira, 25 de março de 2011
Os olhos violetas se fecham para sempre
Não posso deixar de registrar minha profunda tristeza pelo falecimento de uma das pessoas mais incríveis dos úlitmos tempos. Além da relevância da carreira artística, Elizabeth Taylor demonstrou ao longo de sua vida, qualidades humanas que carece a maioria dos mortais. Lutou de forma veemente contra a propagação da AIDS e foi uma das maiores ativistas da causa LGBT. Se dez por cento das grandes estrelas tivessem a mesma sensibilidade dessa grande mulher, o mundo seria um lugar mais agradável para se viver.
O cinema perde uma grande estrela. A humanidade perde um pouco da sua própria essência. Goodbye Miss Taylor!
O cinema perde uma grande estrela. A humanidade perde um pouco da sua própria essência. Goodbye Miss Taylor!
quinta-feira, 17 de março de 2011
Brasil: epicentro de assassinatos de pessoas LGBT?
Eu acabei de assinar uma petição pedindo o apoio à Presidente Dilma Roussef para a aprovação da lei Anti-Homofobia que está sendo discutida no Congresso-PL 122. Você sabia que o Brasil registra hoje os maiores indices de violência contra homossexuais e é o numero 1 no mundo em crimes contra travestis e transexuais?
No início deste mês, uma jovem travesti chamada Priscila foi morta à tiros em Belo Horizonte, o mais recente caso de uma onda de crimes perpetuados contra transexuais no país. A violência vem aumentando, mas nós podemos lutar contra.
Você se unirá a nós pedindo à Presidente Dilma Roussef, que tem afirmado que direitos humanos são a prioridade no seu governo, para apoiar a lei Anti-Homofobia? Se a Presidente Rouseff almeja que o Brasil seja visto como o lider dos direitos humanos no cenário mundial, ela precisa trabalhar duro para assegurar que TODOS os brasileiros tenham proteção igual perante a lei. Assista a esse video emocionante sobre a Priscila e assine a petição:
www.allout.org/pt/petition/priscila
terça-feira, 15 de março de 2011
Eu e o Mar
Como o rumor do mar dentro de um búzio
O divino sussurra no universo
Algo emerge: primordial projecto.
Há muito que deixei aquela praia
De grandes areais e grandes vagas
Mas sou eu ainda quem na brisa respira
E é por mim que espera cintilando a maré vasa
Quando eu morrer voltarei para buscar
Os instantes que não vivi junto do mar
De todos os cantos do mundo
Amo com um amor mais forte e mais profundo
Aquela praia extasiada e nua
Onde me uni ao mar, ao vento e à lua.
Mar sonoro, mar sem fundo mar sem fim.
A tua beleza aumenta quando estamos sós.
E tão fundo intimamente a tua voz
Segue o mais secreto bailar do meu sonho
Que momentos há em que eu suponho
Seres um milagre criado só para mim.
Olhando o mar, sonho sem ter de quê.
Ver claro! Quantos, que fatais erramos,
As árvores longínquas da floresta
Colhes rosas? Que colhes, se hão-de ser
Homem livre, o oceano é um espelho fulgente
Vós sois, ambos os dois, discretos tenebrosos;
E há séculos mil, séc'ulos inumeráveis,
Na melancolia de teus olhos
Eu me perco em carícias de água
E durmo escutando em vão
O silêncio.
E anseio em teu misterioso seio
Na atonia das ondas redondas
Náufrago entregue ao fluxo forte
Da morte.
(Vinicíus de Moraes)
Quando eu morrer voltarei para buscar
Os instantes que não vivi junto do mar...
O divino sussurra no universo
Algo emerge: primordial projecto.
Há muito que deixei aquela praia
De grandes areais e grandes vagas
Mas sou eu ainda quem na brisa respira
E é por mim que espera cintilando a maré vasa
Quando eu morrer voltarei para buscar
Os instantes que não vivi junto do mar
De todos os cantos do mundo
Amo com um amor mais forte e mais profundo
Aquela praia extasiada e nua
Onde me uni ao mar, ao vento e à lua.
Mar sonoro, mar sem fundo mar sem fim.
A tua beleza aumenta quando estamos sós.
E tão fundo intimamente a tua voz
Segue o mais secreto bailar do meu sonho
Que momentos há em que eu suponho
Seres um milagre criado só para mim.
(Sophia de Mello Breyner e Andresen)
Olhando o mar, sonho sem ter de quê.
Nada no mar, salvo o ser mar, se vê.
Mas de se nada ver quanto a alma sonha!
De que me servem a verdade e a fé?
Ver claro! Quantos, que fatais erramos,
Em ruas ou em estradas ou sob ramos,
Temos esta certeza e sempre e em tudo
Sonhamos e sonhamos e sonhamos.
As árvores longínquas da floresta
Parecem, por longínquas, 'star em festa.
Quanto acontece porque se não vê!
Mas do que há pouco ou não há o mesmo resta.
Se tive amores? Já não sei se os tive.
Quem ontem fui já hoje em mim não vive.
Bebe, que tudo é líquido e embriaga,
E a vida morre enquanto o ser revive.
Colhes rosas? Que colhes, se hão-de ser
Motivos coloridos de morrer?
Mas colhe rosas. Porque não colhê-las
Se te agrada e tudo é deixar de o haver?
(Fernando Pessoa)
O Homem e o Mar
Homem livre, o oceano é um espelho fulgente
Que tu sempre hás-de amar. No seu dorso agitado,
Como em puro cristal, contemplas, retratado,
Teu íntimo sentir, teu coração ardente.
Gostas de te banhar na tua própria imagem.
Dás-lhe beijo até, e, às vezes, teus gemidos
Nem sentes, ao escutar os gritos doloridos,
As queixas que ele diz em mística linguagem.
Dás-lhe beijo até, e, às vezes, teus gemidos
Nem sentes, ao escutar os gritos doloridos,
As queixas que ele diz em mística linguagem.
Vós sois, ambos os dois, discretos tenebrosos;
Homem, ninguém sondou teus negros paroxismos,
Ó mar, ninguém conhece os teus fundos abismos;
Os segredos guardais, avaros, receosos!
E há séculos mil, séc'ulos inumeráveis,
Que os dois vos combateis n'uma luta selvagem,
De tal modo gostais n'uma luta selvagem,
Eternos lutador's ó irmãos implacáveis!
(Charles Baudelaire)
Na melancolia de teus olhos
Eu sinto a noite se inclinar
E ouço as cantigas antigas
Do mar.
Nos frios espaços de teus braços
Eu me perco em carícias de água
E durmo escutando em vão
O silêncio.
E anseio em teu misterioso seio
Na atonia das ondas redondas
Náufrago entregue ao fluxo forte
Da morte.
(Vinicíus de Moraes)
Quando eu morrer voltarei para buscar
Os instantes que não vivi junto do mar...
domingo, 6 de março de 2011
"El Rastro" de Madri
Todos os domingos e a maioria dos feriados,
abro a janela da sala e observo a maré humana que percorre as ruas do meu
bairro. Moro no centro de Madri onde acontece
a maior feira a céu aberto da Espanha.
Em 1497 foi instalado o primeiro matadouro
municipal neste lugar. O nome “El Rastro” foi concebido devido ao rastro de
sangue deixado pelas reses, que escorria ladeira abaixo para terminar no
Manzanares, principal rio da capital espanhola.
O mercado medieval ao ar livre é um dos
pontos turísticos mais visitados da península ibérica. É impossível classificar
todos os artigos que são comercializados nessa gigante feira do rolo. Quadros,
livros, móveis, objetos de decoração, muitas antiguidades e também novidades. Produtos novos e usados, coisas que a gente
nem sonha que ainda existam ou nem imaginava que existissem. E o que
caracteriza esse tipo de comércio pelo mundo afora, não poderia deixar de ser
igual no “Rastro” madrilense: preço barato. E ainda assim, pechinchar também é
outra característica que não pode faltar.
É na madrugada que os comerciantes começam
a montar suas barracas. A partir das sete da manhã, as pessoas começam a chegar.
“Ribeira dos Curtidores” é a rua principal do mercado, e os quarteirões
paralelos à ela constroem a própria feira em si, onde a maioria dos produtos
são expostos no chão das calçadas, o que não ocorre na “Ribeira”, pois nela as
barracas são “obrigatórias”.
O maior cuidado que o visitante deve ter é o mesmo recomendado em todos os lugares
turísticos do mundo: tomar conta da carteira e da bolsa. Os carteiristas estão
por todas as partes e, apesar do policiamento reforçado, a cada domingo, vários
turistas acabam tendo o desgosto de serem furtados.
O fluxo de gente atinge o seu ápice ao meio
dia e duas horas depois, começa a diminuir gradativamente e, às quatro horas da
tarde, os comerciantes já estão recolhendo suas mercadorias. É nessa hora que
os bares do bairro vizinho, “La Latina”, começam a encher. É o momento para o
aperitivo, descanso e descontração com a família e os amigos.
Além dos eventos dominicais, “El Rastro” é
um bairro conhecido também pelos brechós, sebos e antiquários que funcionam
diariamente. Está localizado no centro
histórico de Madri, onde a cidade foi construída e definida como capital da
corte espanhola.
Quando vier por aqui, tenha o cuidado
especial para programar um domingo por essa região que é a mais castiça, a mais
madrilena.
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